13 outubro 2009

PEÇA DE NATAL: O NATAL DOS LAVRADORES

REPRESENTAÇÃO: NATAL DOS LAVRADORES

NATAL DOS LAVRADORES

PERSONAGENS: Narrador/a, José, Maria, Antônio, Rita, Filha, Alfredo, Luiz, Anjo, 2 Lavrado-ras, 2 Lavradores.

CENA I
(Um grupo de homens trabalhando na roça; entre eles está José, casado com Maria).

NARRADOR - Quando Deus criou as pessoas, queria que vivessem unidas, em paz com as outras. Até chegou a criar as pessoas a sua imagem, do jeito que Deus é, porque queria que todas fossem seus filhos e suas filhas e que fossem irmãos e irmãs entre si.
Mas logo as pessoas se desviaram do caminho de Deus. Não queriam ser do jeito que Deus é.
Se apegaram na ganância, gostaram mais seguir o rumo do egoísmo, onde cada um pensa em si mesmo.
E nesse rumo, a morte fala mais alto do que a vida. A exploração fala mais alto do que a comunhão, a união.
Uns não confiam nos outros; há desentendimento em tudo o que é lugar, na linha, na comunidade, na família...
Por isso, hoje devemos nos perguntar: Qual é a mensagem que o natal nos quer trazer? Será que sabemos ouvir e entender a mensagem do Natal?

JOSÉ - (Descansa a enxada e abana o rosto com chapéu). É, gente, nosso trabalho ainda vai longe. E parece que o sol está querendo castigar desde cedo.

ALFREDO - (Ele e os outros também descansam a enxada). Se fosse o sol que castigasse a gente... A gente enfrenta tantas dificuldades. É trabalho e mais trabalho. Cada dia parece que aumenta.

LUIZ - Ruim é quando dá doença, como aconteceu lá em casa. O menino adoeceu e tivemos que levá-lo para a rua. A mulher até ficou com ele lá no hospital. Prá dinheiro não tô ligando, não. Só quero que o menino fique com saúde outra vez.

JOSÉ - É aquele que vai no ensino Confirmatório?

LUIZ - É ele mesmo. Foi de repente que ele adoeceu. Tá fraquinho, descorado. Parece que é ver-me. Mas com remédios ele fica bom outra vez.

JOSÉ - É, a gente acha que verme não tem perigo, mas ele pode até matar. E aí a gente deve con-trolar, porque Deus quer que a gente zele de nossas crianças.

ALFREDO - Mas é... Quando é mesmo que nós temos cultos? Não é amanhã?

LUIZ - É sim. Vamos fazer uma força para poder ir. É sempre bom a gente se reunir em comuni-dade, se encontrar com os outros: parar um pouco para pensar na Palavra de Deus.

JOSÉ - Só que não vale muito só pensar na palavra de Deus. A gente precisa praticá-la, vivê-la. Toda a vida da gente tem que ser de acordo com a Palavra de Deus.

ALFREDO - Eu também penso assim, José. No nosso trabalho na roça, em casa, em todos os luga-res. Por isso é bom a gente viver unidos também com os outros, com todo o povo, com todo aquele que luta igual a gente.

LUIZ - É isso aí. É unidos que vamos para frente. A desunião só enfraquece a gente. (Entra as mu-lheres em cena. Maria casada com José, e sua irmã trazendo a bóia).

LUIZ - Opa! Chegou a bóia. Já estava sentindo até falta. (Senta em circulo para o almoço. Enquan-to isso, Luiz dá uma olhada nas panelas). Um dia feijão com arroz, outro dia é arroz com feijão...

MARIA - Eu penso em toda essa gente que gostaria de ter esse feijão e arroz. Mas do jeito que vi-vem na míngua, nem feijão tem cada dia. Quantos operários e operárias, pessoas trabalhadoras existem por aí a fora que pagam caro pelo feijão e arroz que nós temos à vontade na roça. E ganham salários que não dá nunca pra comprar um terreno, fazer uma casinha. Não tem onde plantar uma fruteira, ter uma horta...

JOSÉ - Pois é Maria! Eu fico triste quando vejo que vai ser este o futuro de muitos lavradores e la-vradoras que hoje estão vendendo a terra. Estão entregando o lote que conseguiram com tanto suor. Vão acabar ficando nestas beiradas de cidades do jeito que você falou (olha para Maria), ou então vão ser pe-ão na terra que já foi sua. (Depois do almoço voltam todos a trabalhar, também Maria e sua irmã).

ALFREDO - Vamos pegar minha gente. Tem muito trabalho pela frente. (Vão trabalhar e fala o narrador).

NARRADOR - Gente que trabalha, gente que luta... Quanto suor já derramaram nesta terra para dela tirar frutos... frutos que fartam a fome das crianças.
Maria e José estão tentando, como muitos outros, construir o futuro juntos. José e Maria estão no começo. Têm muita coragem, muita esperança que teve o povo de Deus, quando era escravo no Egito. É a esperança de ser livre, de ter uma terra que fosse sua.
Em Êxodo, cap. 3, lemos que Deus viu a aflição do seu povo, quando estava no Egito. E ouviu o seu clamor por causa daqueles que os pisavam. Deus conhece o sofrimento do seu povo; Por isso, o livrou da mão do Rei do Egito para fazer esse povo ir para uma terra boa. Deus olha para o povo que sofre. En-tre Reis e poderosos, no Egito, Deus escolheu os que menos eram e mais sofriam: os escravos. Deus liber-tou seu povo. Até jogou praga sobre os Egípcios, porque não queriam deixar o povo de Deus livre. Deus fez as águas do mar vermelho secar para que seu povo pudesse passar e destruir os policiais que viam perseguindo o povo.
E os levou para a terra prometida. Nesta terra estava a esperança do futuro como povo.
Maria e José, e como muitas outras pessoas, também continuam tendo esperança...
E mais uma dia passa, mais um dia de trabalho, luta. (Todos vão saindo devagar).
Mas todos levam consigo a esperança de poder erguer um futuro bom, de um mundo bem, onde to-dos e todas novamente poderão viver em comunhão, em paz, onde um sabe respeitar o outro a imagem de Deus.
(Música: Para dar tempo à arrumação do palco ou então cantar um hino).

CENA II
(Maria se ocupa com diversas tarefas: escolher feijão e arroz para o dia seguinte.
José vai deitar).

JOSÉ - Boa noite, Maria. Vou deitar.

MARIA - Boa noite, José.

(Maria trabalha mais um pouco e senta-se a mesa e lê em voz alta Lc 1.46-56. Pode ser dito algu-ma coisa sobre o texto).

CENA III
(Outra família de roceiros. A mulher Rita, está em casa mexendo nas panelas, olhando de vez em quando a criança que está doente com vermes. Chega o marido Antônio da roça. Larga as ferramentas, entra em casa, toma água e senta no chão).

ANTÔNIO - Está desanimada, Rita?

RITA - E não é para estar? Com tantos problemas, tanta preocupação; a criança doente e sem jeito de sair. A consulta está cara, os remédios mais caro ainda. E desde quando a gente tem dinheiro para pa-gar hospital? É triste. E a gente é para animar, agüentar...

ANTÔNIO - Pois é, mulher! Mas imagina agora com tantas dificuldades nós ficar sem reagir, ficar sem um jeito de melhorar. É preciso reunir as forças. José e Maria parece que conseguiram um pedacinho de terra lá prá frente (Belém). Já foram para lá para ver se começam a derrubada para segurar a terrinha... Coitados, naqueles matos, sem estradas. Começar lá do início, tudo de novo. O café que formaram aqui ficou pro outro. Eu admiro a coragem deles.

RITA - Não é fácil, não. Se me lembro do jeito que começaram aqui... tantas dificuldades... Vida de pobre é assim mesmo... Jogado de um lado para o outro. Lá fora a propaganda daqui era boa, que tinha muita terra e facilidades para viver, FACILIDADES! Tanto é que nossas crianças ficaram sem escola. O ensino Confirmatório não está fácil para elas sem saber ler e escrever. (entra a filha e vai falando).

FILHA - Escutei vocês falando que Maria e José mudaram daqui. É mesmo?

ANTÔNIO - Isso mesmo. Já devem estar chegando lá. Mas por que você pergunta?

FILHA - É que eram vizinhos tão bons... Eu me dava bem demais com eles e por isso fico preocu-pada com a situação deles.

RITA - É bom se preocupar. Muita gente não olha as dificuldades dos outros, pensa só em si mes-mo, não sabe o que é amor ao próximo. Isso é o egoísmo das pessoas. E esse egoísmo vai se espalhando sempre mais e o povo fica sempre mais desunido. Aqui na redondeza de Jerusalém não dá mais para vi-ver. Bem lá no fundo, o povo tem cabeça de grande. E essa mania de grandeza vai sempre mais diminu-indo o amor ao próximo.

FILHA - Mãe, eu preciso aprender um canto para o ensino Confirmatório. (Filha vai buscar o livro de cantos e cantam a canção. Enquanto cantam, termina a cena).

CENA IV
(É noite. Lavradores e Lavradoras se encontram num lugar novo - lote perto de Belém).

LAVRADORA 1 - É! Nosso barraco de lona quase não agüenta chuva. Tó com medo que esta noi-te dê um temporal.

LAVRADOR 2 - É mesmo. O tempo está tão pesado. Mas também, o calor que fez hoje estava demais.

LAVRADORA 1 - E olha daquele lado ali... que clarão é esse? Relâmpago é que não é.

LAVRADORA 3 - Na derrubada que fizemos logo que chegamos tá dando um milho bom.
Temos que dar um jeito de fazer uma tulha para guardar esse milho. Estava até pensando que dava para trocar um dia de serviço com um de vocês, porque vou estar muito no apuro.

LAVRADOR 2 - Olha até que podia, amanhã não dá, mas semana que vem. (Dá um barulho e en-tra um anjo com uma vela acessa).

ANJO - Não tenham medo. Estou aqui para trazer boas notícias para vocês. E elas vão ser de moti-vo de grande alegria também para todo o povo. Hoje, perto de Belém, nasceu o Salvador de vocês - Cris-to, o Senhor. A prova disso é que vocês vão encontrar uma criancinha, enrolada em panos e deitada num cocho.

LAVRADOR 4 - Mas então pessoal! Vamos lá logo para ver o que aconteceu. O que Deus quer mostrar para nós lá. (As lavradoras e lavradores vão para Belém).

CENA V
(Maria e José com uma criança em um cocho no palco. Os lavradores e lavradoras vão entrando em cena meio desconfiadas. Uma das lavradoras fala).

LAVRADORA 1 - Um anjo nos anunciou uma grande maravilha. Nos disse que hoje nasceu o Sal-vador do mundo - Jesus Cristo. Viemos de longe para vê-lo e adorá-lo.

LAVRADOR 4 - Pois é! O nosso Salvador nasceu aqui no meio de nós que somos pobres, lavrado-res e lavradoras, gente humilde. Ele é o filho de Deus. Ele nasceu aqui, onde tudo é difícil, sem nenhum conforto...

LAVRADORA 3 - É! Parece que Deus quer mostrar que ele está junto de nós nessa vida sofrida que temos.

Por isso, nós convidamos todos e todas vocês para se alegrarem conosco cantando o hino, NOITE FELIZ!

FIM!

Um comentário:

  1. ola eu amei essa peça sou dirigente das crianças da minha igreija vou fazer tambem obrigado

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